Estamos sendo afetados frequentemente pela crise climática. O ar está irrespirável, sofremos com chuvas fortes que causam enchentes e apagões, as estações do ano, que antes eram distintas, agora uma bagunça. Desastres naturais têm sido comumente documentados, além disso, vivenciamos uma sequência de ataques à natureza, com áreas enormes de nossas matas sendo desmatadas e incendiadas. O Brasil registrou 17.182 focos de queimadas nos primeiros quatro meses deste ano. Foram 5,65 milhões de hectares queimados no mês de agosto. Sendo que 99% são ocasionados por ações humanas.
Tudo isso é culpa dos grandes Latifundiários do Agronegócio; das mineradoras; do mercado imobiliário; das construtoras e seus representantes nos poderes legislativos, executivo e judiciário! Uma parte da sociedade que, apesar de pequena em números, possui uma grande responsabilidade em tragédias que vemos no nosso cotidiano. Como, por exemplo, o caso do Rio Grande do Sul, onde grande parte ficou devastada pela água, e que hoje, muitas famílias lutam para recuperar o que perderam. Nesta semana, a Justiça dos ricos absolveu as grandes mineradoras na tragédia de Mariana. Assim como também, no caso dos Yanomamis, que devido ao agravamento da invasão garimpeira e do desmonte dos serviços de Saúde, resultou na morte de vários indígenas por doenças e desnutrição. Isso tudo resultado do descaso de um governo injusto, que ignorou por anos as necessidades dos povos tradicionais e ainda incentivou a invasão de suas terras por garimpeiros.
O governo Lula fez campanha para se eleger na base da defesa do meio ambiente. Mas, mesmo que tenha revertido alguns dos ataques mais absurdos de Bolsonaro, não reverteu até hoje essa situação tão grave. Ainda ameaça aprovar projetos devastadores como a exploração de petróleo na foz da Amazônia, colocando em risco uma enorme área de biodiversidade única. O agronegócio e a luta ambiental são incompatíveis e não dá para confiar que empresas que são apenas interessadas em lucros vão ajudar a melhorar a situação. A direita e extrema direita, que saem fortalecidas das eleições municipais, também aumentam a ameaça a uma situação já crítica.
Sabemos bem quem são os mais prejudicados com essa crise. E com certeza não é o dono de latifúndios. São pessoas negras, especialmente mulheres negras, moradores de periferias, os povos indígenas, a comunidade lgbtqiapn+, é todo o proletariado. O estudo "Injustiça Socioambiental e Racismo Ambiental", do Instituto Pólis, publicado em julho de 2022, coloca que, nas cidades, são as populações de baixa renda que mais se encontram em áreas de risco de serem atingidas pelos efeitos da crise climática. Em Belém, por exemplo, 75% da população residente de áreas de risco é negra, com renda domiciliar média de R$ 1,7 mil. Já em São Paulo e Recife esse percentual é 55% e 68%, respectivamente, com renda média de R$ 1,1 mil por domicílio.
A conclusão é uma só, não podemos continuar com esse sistema cruel. Com estrutura desigual, que permite que uma pessoa passe fome, ou seja morta, e que viabiliza a destruição da natureza de forma totalmente inconsequente. A Terra não é infinita. E o Capitalismo não se importa com a forma de produção e o resultado de seus produtos, o lucro é visto acima de qualquer vida.
Por isso precisamos nos unir, juntar forças e parar todos esses abusos socioambientais. É essa bandeira que temos que erguer, unidos como classe trabalhadora, lutarmos pela nossa qualidade de vida e pelo fim da desigualdade e destruição.
A crise ambiental é só mais uma dentro de uma crise generalizada do sistema - crises econômicas, políticas, sanitárias… Não há saída neste sistema e apenas os de baixo podem reverter este trágico futuro.
Precisamos fazer barulho, e mostrar a força que temos, e que podemos derrubar o CAPETALISMO!
Comments